Plataforma de produção e difusão do conhecimento acadêmico e não acadêmico; histórico, filosófico e científico, relacionados com as artes marciais em geral e com o Karate em particular
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
A ORIGEM DO TAIDOKAN KARATE CLUBE - Centro de Estudos de Artes Marciais
Fundado em 21 de outubro de 1987
A história do surgimento do TAIDOKAN se entrelaça um pouco com a biografia de seu idealizador e um dos fundadores, Wellington França, como ativista politico, cultural, comunitário e
desportista na Cidade de Deus. No entanto, nosso foco está na instituição e nos fatos mais relevantes.
Foram mais de vinte os fundadores entre alunos e seus familiares que contribuíram com suas vidas, o registro desta memória. Protagonistas de uma ação
política que em outubro de 2015 celebramos 29 anos de sua fundação.
O INICIO
A partir da segunda metade da década de setenta, diversos grupos sociais,
culturais e desportivos, constituídos na sua maioria de jovens, atuam no Centro Social Urbano (na ocasião o CSU na Cidade de Deus - bairro de
Jacarepaguá na zona oeste do Rio de Janeiro) na época, mantido pela Fundação Leão
XIII.
Alguns integrantes destes grupos tornaram-se, mais tarde, professores de algumas das atividades específicas a que se dedicavam, aperfeiçoando metodologias de pesquisa, ensino e desenvolvimento destas atividades. Neste contexto (anos oitenta) grupos se tornam ONG que se tornam HISTÓRIA.
Nos anos setenta reúne-se um grupo de jovens, adolescentes e crianças, liderado
por um morador local que em razão de seu ofício na época, tinha contatos com
Karate através do Sensei Tanaka e com o Professor de jiu-jitsu Oswaldo Fadda. O
nome deste líder comunitário: Sergio Pinto.
Após algum tempo de trabalho no CSU o Prof. Sérgio Pinto realizou um exame de
faixa tendo sido o examinador o próprio Mestre Fadda. Neste exame se destacam
vários alunos. Alguns continuaram com os treinamentos no CSU dos quais o Prof.
Luiz Silva, e o Prof. Luiz Peçanha e Prof.
Wellington França. Este último seguiu em busca de aperfeiçoamento de suas técnicas em
outros lugares. Conheceu o Prof. João que na época era aluno do Sensei Gonzaga
que lecionava Karate na Gardênia Azul (até hoje) estilo Shorini Ryu. Também
havia no inicio dos anos oitenta o Prof. Marcos que participava de um
movimento que pretendia criar um estilo de karate brasileiro chamado Artes
Marciais do Brasil e que mantinha um grupo de crianças na Associação de
Moradores da Cidade de Deus.
Nesta época o Sensei Wellington estava tendo os primeiros contatos (1982) com o
Karate Shotokan treinando com Prof. Antonio Carlos na Academia Radan. O Prof.
Antonio Carlos recebia aulas do Prof. Celso Madeira, mas também do Celso
Rodrigues, Mestre Sadamu Uriu e do Dr. Sohaku R. C. Bastos.
Em 1983 o Sensei Wellington é convidado por um amigo de trabalho e também
morador da Cidade de Deus para ensinar Karate aos seus filhos. Depois de muito
relutar, Wellington, para se livrar de forma cortês do assédio condicionou sua
disponibilidade. Concordaria em dar as aulas para os dois meninos desde que
este comprasse os kimonos. Mas aconteceu o contrário. O Vicente comprou com
muito sacrifício os kimonos. Assim o Sensei Wellington teve que cumprir sua
palavra.
No inicio as aulas eram no quintal da casa do pai dos alunos numa região da
Cidade de Deus conhecida como Laminha. As crianças da vizinhança quiseram
entrar.
O quintal ficou pequeno e tiveram que se mudar para a travessa em frente. A
Travessa Ficou pequena e foram para a quadra de Samba (uma praça próxima) do
Bloco Carnavalesco Luar de Prata (extinto). Na ocasião o Professor Marco que lecionava o
tal Karate do Brasil AM na Associação de Moradores procurou o Prof.
Wellington informando que iria afastar-se da atividade e pediu para que este
continuasse com o grupo da Associação de Moradores. Realizou-se então a fusão
entre os grupos do Luar de Prata e da Associação de Moradores.
Naquele instante, o Karate na Cidade de Deus ficou polarizado entre o
Grupo da Associação de Moradores (na região das casas) liderado pelo Prof.
Wellington e o Grupo do CSU (região dos apartamentos) liderado pelo Prof. Luiz
Peçanha.
Em 1984, Sensei Wellington, por conta das aulas na Associação recebe uma Moção proposta na Sala das Sessões na Câmara dos
Vereadores do Rio de Janeiro (publicada no DCM – Diário da Câmara Municipal do
Rio de Janeiro em 13 de setembro de 1984) pelos serviços prestados à comunidade como educador de artes marciais.
A SEGUNDA ERA DO KARATE NA CDD
Em maio de 1985 Sensei Wellington conhece Sensei
Alcyne Machado de Góes Soares que o convida para regularizar o grupo de karate
da Associação o que é feito a partir de outubro do mesmo ano iniciando uma nova
era do Karate na Cidade de Deus.
Neste período 1985 – 1987 os alunos de da Cidade de Deus começam a participar
de diversos torneios regionais (interclubes) e um dos torneios realizados pela
FKERJ sempre pelo Carioca Esporte Clube. O Carioca, filiado à FKERJ, sob a
supervisão do Sensei Alcyone, congregava vários grupos e academias que na época
eram impedidos de se filiar à FKERJ, muito mais por restrições relacionadas a
diapositivos legais e regulamentares do que políticas. Alguns Grupos e seus
respectivos responsáveis: Academia Hugo Mello (Largo do Machado): Prof.
Alcyone, Academia Radan e Good Machine (Jacarepaguá) Prof. Antonio Carlos;
Carioca Esporte Clube, no Jardim Botânico, Prof. Matera; Associação de
Moradores da Cidade de Deus, Prof. Wellington França. (dentre outras
agremiações...).
Certa feita, para que os alunos destas organizações agregadas ao Carioca
Esporte Clube pudessem participar de uma competição organizada pela FKERJ,
teriam antes disputar uma vaga numa espécie de competição interna realizada no
CEC.
Na ocasião a Cidade de Deus contava com um número expressivo de alunos e
atletas.
Cabe destacar um período existente entre o inicio das atividades no Luar de
Prata até o momento da transferência para a associação de moradores.
A TERCEIRA ERA: 1987-1997
PREPARAÇÃO PARA UM CAMPEONATO DA FKERJ NO CLUBE DE SARGENTOS DA AERONÁUTICA.
Havia cerca de vinte candidatos aptos. Pouco mais da metade conseguiu participar da seletiva. Somente três puderam participar do campeonato da FKERJ no Clube dos Sargentos da Aeronáutica em 1987. Todos chegaram às finais nas suas respectivas categorias.
Havia cerca de vinte candidatos aptos. Pouco mais da metade conseguiu participar da seletiva. Somente três puderam participar do campeonato da FKERJ no Clube dos Sargentos da Aeronáutica em 1987. Todos chegaram às finais nas suas respectivas categorias.
Na época, alunos e familiares eram motivados a participar do planejamento e da
avaliação de cada evento.
Feito um estudo de viabilidade, ficou constatado que para que a Federação
pudesse aceitar a AMCD, esta teria que conter em seus estatutos um dispositivo
(artigo, ou parágrafo) caracterizando-a como mantenedora da prática de KARATE.
Para tal teria que existir vontade política da diretoria da AMCD, convocação de
uma Assembléia Geral Extraordinária para alteração do Estatuto e outros
procedimentos. Na época, tais mudanças eram vistas como impraticáveis.
Surge então a opção do Grupo de Alunos, responsáveis e instrutores se constituírem juridicamente. Eis que então funda-se em 27 de outubro de 1987 o TAIDOKAN KARATE CLUBE – Centro de Estudos de Artes Marciais.
Surge então a opção do Grupo de Alunos, responsáveis e instrutores se constituírem juridicamente. Eis que então funda-se em 27 de outubro de 1987 o TAIDOKAN KARATE CLUBE – Centro de Estudos de Artes Marciais.
No mesmo mês a ONG tem seu Estatuto Social registrado no Cartório do Registro
Civil de Pessoas Jurídicas e paralelamente obtém registro no Cadastro Nacional
de Pessoas Jurídicas da Receita Federal, CNPJ. Estava então consolidado o marco
para inicio da terceira era do Karate na Cidade de Deus.
Esta fase coincide com os primeiros anos de fundação do TAIDOKAN.
Já existia de fato um grupo organizado, mas ainda não havia uma identidade
própria. Assim, em 1985 realizamos a primeira mostra de Artes Marciais.
Cotávamos na ocasião com a presença, alem do karate representado pelos dois
principais grupos (CSU e AMCD); a Capoeira, representada pelo Grupo Ariri, sob a
liderança do Mestre Derli. E o Kung-Fu representado por Antonio Carlos Duarte
Cavalcanti.
No período de 1985 a 1987 nosso grupo inicia uma série de dinâmicas objetivando
a criação de uma logomarca, cores e tipo de uniforme para apresentações e
principalmente do NOME. Todas as sugestões e todas as idéias eram acatadas e em
seguida escolhíamos aquelas que mais se pareciam com nosso propósito: Sermos
uma escola alternativa, um caminho de preparação de seus integrantes para a
VIDA!
A partir de 1987, com a legalização do TAIDOKAN (registro do estatuto no
cartório de registro Civil de Pessoas Jurídica, obtenção do CNPJ, cadastro no
CRD – Conselho Regional de Desportos e FKERJ). Iniciamos uma nova etapa.
Primeiro, realizamos uma parceria com o Prof. Luiz Pessanha que lecionava no
CSU – área dos apartamentos. Não tínhamos a intenção de que ele descartasse o
estilo que estava praticando, mas que conhecesse o SHOTOKAN e suas
possibilidade virem a ser potencialidades com sua adoção. Realizamos então um
programa intensivo de adaptação sob a Supervisão do Sensei Alcyone. Surge
então, de forma espontânea uma grande unidade entre as duas escolas.
Inicialmente, os Alunos do Prof. Pessanha estavam participando dos eventos com o
nome de nossa organização, mas nossa meta seria a de incentivar que criassem
sua própria organização. O que foi feito tempos mais tarde, mas aqui já é outra
história.
De 1987 até 1997 foram dez anos de grandes conquistas e muitas viagens dentre
as quais destacamos:
COMPETIÇÕES REGIONAIS
Participamos de eventos organizados por professores que atuam em Angra dos Reis, São Pedro de Aldeia. Estreamos nossa participação em 1992 no ZENDOKAN - XVI TORNEIO DA INDEPENDÊNCIA do Prof. Valdeci João de Lima. E nos anos seguinte 94 e 95.
Participamos de eventos organizados por professores que atuam em Angra dos Reis, São Pedro de Aldeia. Estreamos nossa participação em 1992 no ZENDOKAN - XVI TORNEIO DA INDEPENDÊNCIA do Prof. Valdeci João de Lima. E nos anos seguinte 94 e 95.
TREINAMENTO EXTERNO E PASSEIOS
Uma vez por mês participávamos de um treinamento externo, fosse na Sede Campestre do Sindicato dos Bancários, em Jacarepaguá, no Trevo do Cebolão, no Bosque da Barra ou nas areias das praias do Grumari, da Barra ou das Praias de Cabo Frio.
Realizávamos caminhada a Pedra Bonita e à Pedra da Gávea.
ALUNOS APRENDIAM PRODUÇÃO E GESTÃO DE EVENTOS PRÓPRIOS
COPAS INTERNAS
Realizamos três edições de competições internas, COPAS I II E III em 1988, 1993 e1994. Eram na verdade Festivais.
TORNEIOS INTERCLUBES COM ACADEMIAS PARCEIRAS
Realizamos dois Torneios Interclubes.
TORNEIO TAIDOKAN/SESI DE KARATE INTERCLUBES
Em 22 de outubro de 1995 no SESI de Jacarepaguá, por ocasião do Centenário do Tratado de Amizade Brasil-Japão.
O segundo BANDEIRANTE INTERCLUBES DE KARATE no BANDEIRANTES TENIS CLUBE em 18 de maio d 1997.
COPAS INTERNAS
Realizamos três edições de competições internas, COPAS I II E III em 1988, 1993 e1994. Eram na verdade Festivais.
TORNEIOS INTERCLUBES COM ACADEMIAS PARCEIRAS
Realizamos dois Torneios Interclubes.
TORNEIO TAIDOKAN/SESI DE KARATE INTERCLUBES
Em 22 de outubro de 1995 no SESI de Jacarepaguá, por ocasião do Centenário do Tratado de Amizade Brasil-Japão.
O segundo BANDEIRANTE INTERCLUBES DE KARATE no BANDEIRANTES TENIS CLUBE em 18 de maio d 1997.
Nos dois eventos, todos os alunos participaram desde o planejamento, até a avaliação final que sempre fazíamos após cada atividade. Ou seja, os praticantes eram motivados a desenvolver duas habilidades básicas alem do KARATE.
l. Senso de pertencimento. Eles sabiam o tempo todo que o TAIDOKAN era deles e
que eles pertenciam ao CLUBE como que numa simbiose.
2. Emponderamento. Eles sabiam que tinham o poder de administrar e tomar
decisões. Que suas decisões seriam sempre objeto de debate, reflexão e acatadas
por uma diretoria colegiada da qual faziam parte. Suas opiniões eram
respeitadas. Assim passavam a compreender que para o conjunto avançar haveriam
de abrir mão de algumas coisas, que isto era o exercício da busca do consenso.
Ou seja, avançar nos pontos comuns e continuar estudando os pontos divergentes.
Aprendiam na pratica a diferença entre consenso e unanimidade e que esta última
nem sempre é possível, ou mesmo desejável.
TORNEIO INTERCLUBES TAIDOKAN – O EVENTO QUE REPRESENTOU UM MARCO NA SUA HISTORIA E NA VIDA DE SEUS INTEGRANTES
O evento estava sendo planejado desde I COPA
INTERNA. Esta a as duas edições seguintes era uma forma de aprendizado de como
competir e como organizar, produzir e administrar um evento que contasse com a
presença de outros clubes que faziam parte do que podíamos chamar de Liga das
Agremiações sob a supervisão do Sensei Alcyone. O Prof. Alcyone Machado de Góes
Soares criou a AMGS em 4/08/1989.
Com dois meses de antecedência estávamos consolidando e fechando os últimos
acertos na obtenção e apoio, parceria ou patrocínio para o evento.
Semanas antes estávamos checando os últimos detalhes que incluíam a produção de
um roteiro para a entrada de cada equipe representantes das agremiações
convidadas: a escolha da trilha sonora com temas musicais para cada delegação
e uma exclusiva para acompanhar a entrada da anfitriã: O TAIDOKAN. A música
escolhida foi, FORTUNA IMPERATRIX MUNDI trecho da ópera CARMINA BURANA, por
Carl Orff.
Na noite anterior caiu um temporal. Na manhã do dia 22 de outubro de 1995 a
maior parte dos alunos estava desmotivada. Eles não acreditavam que o evento
poderia ser realizado por causa da chuva naquela madrugada. Muitos estavam
tristes. Alguns mais abnegados estavam pernoitados. No dia anterior, uma equipe
estava limpando e marcando os kotos com fitas crepe. Outra equipe estava
terminando de preparar as placas com os nomes de cada agremiação. Uma terceira
estava encarregada de se concentrar com os atletas pequeninos e seus pais. Os
poucos que compareceram no horário confirmado tiveram que sair em campo,
buscando as outras equipes de trabalho que também eram atletas graduados.
Após a entrada de todas as agremiações, a execução dos hinos nacionais do Japão
e do Brasil com o hasteamento das bandeiras das duas nações. O cerimonial do
hasteamento das bandeiras nacionais do Japão e do Brasil e das bandeiras do
Município do Rio de Janeiro e do SESI foi executado pelo Grupo de Escoteiros do
Mar, sob a responsabilidade da Chefe Nádia do Grupo 25. pertencentes à União
dos Escoteiros do Brasil.
Grandes e pequenas marcas locais prestigiaram o evento com seu apoio: O SESI
cedeu o ginásio e suas instalações sanitárias. O INSTITUTO ORTOPÉDICO DE
JACAREPAGUA disponibilizou um médico. Parte das premiações cedidas pela
Secretaria de Esporte e Lazer do Rio de Janeiro. A Escola Municipal José Clemente Pereira emprestou as bandeiras do Brasil e do Município do Rio. A TORAH doou kimonos para sorteio, as mesas e cadeiras emprestadas pela SCHINCARIOL além de
outras contribuições feitas pela Gerencia da Loja da Taquara do McDonald’s e
HELEN FOTO.
Nosso DOJO, anfitriã ultima no desfile de abertura na volta olímpica cerca de oitenta atletas, ao som de FORTUNA da opera CARMINA BURANA foi arrepiador.
Assistir Ailton Jocelino, jovem negro, pobre, de pouca escolaridade primeiro aluno graduado faixa preta por nossa escola comandar o cumprimento geral diante de quase duzentos praticantes de karate entre atletas e professores...
Nosso DOJO, anfitriã ultima no desfile de abertura na volta olímpica cerca de oitenta atletas, ao som de FORTUNA da opera CARMINA BURANA foi arrepiador.
Assistir Ailton Jocelino, jovem negro, pobre, de pouca escolaridade primeiro aluno graduado faixa preta por nossa escola comandar o cumprimento geral diante de quase duzentos praticantes de karate entre atletas e professores...
A partir de meados de 1997 o clube desativa seu DOJO matriz, sediado na ocasião no prédio da Associação de Moradores. Contudo, durante todo o período de hibernação de sua existência como formador de lideranças e estudiosos das artes marciais, seus pioneiros continuaram a saga de estudar e ensinar, alguns formando novos DOJO outros investindo e alavancando suas carreiras profissionais e constituindo família.
Juliana, Celso, Sensei Wellington e Rodrigo
em Copacabana.
fto de Moog para PRO Internacional, uma publição da Merck
2003.
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